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O que é Quimioterapia?

Conteúdo desenvolvido com apoio científico do Instituto Vencer o Câncer e Dr. Thiago Jorge*

Quimioterapia, ou "quimio", é uma palavra envolta em ansiedade, dúvidas e preconceitos. Quando é mencionada em um plano de tratamento de algum paciente com neoplasia, gera as mais diferentes reações e, em grande parte das vezes, por medo do desconhecido ou por relatos de experiências anteriores de conhecidos. Mas afinal, o que é a quimioterapia e para que ela é utilizada?

O que é Quimioterapia?

Dr. Tiago Jorge - CRM 130946/SP

Primeiro e mais importante mencionar é que quimioterapia não é uma sentença. Ela é utilizada em diversos cenários do tratamento do câncer. O principal deles é a chamada adjuvância, que consiste em sessões de quimioterapia após uma cirurgia de retirada do tumor. Essas aplicações tem o objetivo de matar células tumorais que, eventualmente, possam estar ainda presentes e são impossíveis de se diagnosticar com os exames disponíveis atualmente. E tudo isso porque a capacidade da quimioterapia é de levar as células que estão em divisão no corpo à morte, onde elas estiverem. Quando a quimioterapia é feita antes de uma cirurgia é chamada de neoadjuvância, e tem por objetivo diminuir o tumor e facilitar a cirurgia, ou por ser mais bem tolerada antes da ressecção do que após, invertemos a ordem. Quando o paciente apresenta uma doença avançada, a quimioterapia é chamada de controle, pois tem a capacidade de controlar a proliferação do tumor, mesmo que não o consiga eliminar completamente.

Cada medicação que compõe a quimioterapia utiliza-se de uma estratégia diferente para alcançar esse objetivo e, por isso, muitas vezes medicações são combinadas em um tratamento. Pode ser por destruir o DNA das células, ou não deixar ele ser construído em uma célula que se encontra em divisão para a formação de uma nova, ou ainda destruir os mecanismos que ajudam na separação destas células uma das outras no processo de multiplicação. Como o câncer é uma multiplicação descontrolada de células que perderam seu poder de regulação, a quimioterapia é efetiva em seu controle pela destruição destas. Mas também é por isso que ocorrem a maioria dos efeitos colaterais.

Não podemos esquecer que boa parte dos nossos órgão tem células se reproduzindo o tempo todo, para substituir as que ficam velhas e, assim, manter a atividade do sistema. Células da boca e garganta, nariz, intestino, pele e cabelos, além das células sanguíneas (hemácias ou glóbulos vermelhos, leucócitos ou glóbulos brancos, e plaquetas), estão em divisão constante e, por isso, também são afetadas pela quimioterapia. Isso também justifica porque as quimioterapias costumam ser aplicadas em ciclos, ou seja, com intervalos de dias (a depender do esquema utilizado) entre uma administração e outra. Acontece da seguinte maneira: a quimioterapia é aplicada na veia ou ingerida, circula pelo sangue e chega aos diversos órgãos, atacando células tumorais e, também, as células normais que estão em divisão, como se parasse a linha de produção de uma fábrica por alguns dias. Após algumas horas, essa quimioterapia é eliminada do corpo pelos rins ou fígado. Durante sua passagem, principalmente pelo intestino, a quimioterapia libera substâncias chamadas neurotransmissores que podem causar náuseas e vômitos, principalmente nos primeiros 3-5 dias. Também nesta circulação pelo corpo, há a liberação de algumas substâncias inflamatórias e algumas quimioterapias podem circular pelo cérebro, causando a fadiga, que geralmente tem duração de 2-3 dias. Depois de aproximadamente 5 dias da dose, as células normais das mucosas (boca, nariz, intestino) e que já estavam presentes atingem sua maturidade e morrem, não sendo substituídas pelas células jovens, que foram afetadas pela quimioterapia. Isso deixa as mucosas mais frágeis e pode causar sensibilidade e aftas na boca, nariz e garganta (a chamada mucosite), mudanças do paladar ou dificuldades digestivas, como náusea, mal-estar e diarreia, pela mucosite do estômago e intestinos, e que podem durar de 5-7 dias. Após 7 dias da quimioterapia, as células sanguíneas começam a diminuir; primeiramente as células brancas (leucócitos), depois as plaquetas e, por último, as hemácias (células vermelhas). Novamente porque as células mais maduras completam seu ciclo de vida e vêm a morrer, não sendo substituídas por novas células que foram afetadas pela passagem da quimioterapia, as contagens de leucócitos caem, seguidas das plaquetas e hemácias, para começarem a se recuperar a partir do 14º dia, aproximadamente.

A partir do 7 dia, as células da pele também começam a ser afetadas e podemos ter a pele mais sensível e seca. Os cabelos costumam cair após 4 semanas da primeira aplicação, normalmente. Vale lembrar que diferentes quimioterapias e esquemas causam efeitos colaterais em intensidades diferentes e, por isso, é muito importante que cada paciente tenha orientações personalizadas sobre seu tratamento dadas pela sua equipe de saúde. Além disso, os ciclos de quimioterapia só são reaplicados quando os efeitos colaterais estão em níveis de intensidade toleráveis. Mas essa temporalidade dos efeitos ajuda a planejarmos intervenções que façam o paciente sentir-se melhor e tolerar o tratamento de maneira mais tranquila.

Por exemplo: além de já aplicarmos medicações que previnem náuseas e vômitos antes dos quimioterápicos, orientamos os pacientes a evitar refeições muito gordurosas (frituras, por exemplo) nos primeiros 3-5 dias após a aplicação. Também orientamos a ingestão de água e líquidos para manter a hidratação e comidas mais frias, pois como têm menos odor, previnem a náusea e são melhor toleradas. Estimulamos a realização de atividade física durante todo o período de quimioterapia, mas principalmente nos 3 primeiros dias da aplicação, pois este é o melhor antídoto contra a fadiga. Durante os períodos de mucosite, orientamos a não ingerir álcool (pois resseca a mucosa) e evitar dietas com pimenta ou muito ácidas. Se tiver aftas presentes, atentar-se para a textura da comida, preferindo líquidos e alimentos mais pastosos, evitando os que tem farelos ou cascas que podem machucar ainda mais a boca. Na diarreia, evitar alimentos com fibras e, na constipação, aumentar a ingesta de fibras, sempre cuidando da hidratação. Durante o período de queda dos leucócitos, pedimos para os pacientes se atentarem à qualidade de higienização dos alimentos, para evitar possíveis infecções. Alguns esquemas causam uma queda tão grande de leucócitos que solicitamos aos pacientes que evitem ingerir comidas cruas (peixes e carnes), e que as frutas, legumes e verduras sejam bem lavados, descascadas e cozidas.

Todas essas são medidas simples, que visam deixar o paciente o mais preparado possível para seu tratamento e que devem ser reforçadas e questionadas em todas as consultas. Também vale lembrar que a orientação multidisciplinar (médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas) é muito importante para uma melhor jornada. O paciente deve sempre questionar sua equipe em como lidar com essas possíveis adversidades e o que fazer caso algum desses sintomas esteja presente. Também deve cobrar da equipe que seja bem explícito qual o esquema de tratamento a que está sendo submetido para que, caso haja uma intercorrência, ele possa avisar os envolvidos e que todos estejam em sintonia em como lidar com ela.

A quimioterapia é um tratamento comum e com bons resultados. Sua jornada e sua aplicação não são fáceis, mas com as medidas adequadas, orientação e atenção, ela pode ser mais tranquila e afetar o menos possível a qualidade de vida de quem precisa dela.

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*Texto desenvolvido com o apoio científico:

Instituto Vencer o câncer
Dr. Thiago Jorge
Dr. Thiago Jorge
  • Médico oncologista, coordenador do Núcleo de Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos;
  • Coordenador de Inovação em Oncologia - Hospital Alemão Oswaldo Cruz - SP;
  • Diretor Médico da WeCancer - Monitorização de Pacientes Oncológicos.
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